Na tarde desta quarta-feira (3/12), a CONTEC e a Coordenação da COE Itaú/CONTEC realizaram reunião virtual com a área de Relações Sindicais do Itaú Unibanco para discutir a renovação do Acordo Macro — que vence em 31 de dezembro de 2025 — e tratar do fechamento de agências e da realocação de empregados.

A reunião foi conduzida pelo coordenador da COE Itaú/CONTEC, Eduardo Israel, e contou com a participação do presidente da CONTEC, Lourenço Prado, do coordenador da mesa nacional, Davi Zaia, de presidentes de federações e sindicatos filiados. O banco foi representado por Marina Madeira, Gustavo Barbosa, Carlos Sobrinho, Fernanda Nascimento, Adriana Miranda, Bruno Honório e Simone Dias.

Balanço do Acordo Macro

Na abertura, o presidente Lourenço destacou a importância de concluir ainda em 2025 a renovação do Acordo Macro, ressaltando a preocupação da categoria com o fechamento de agências e com a necessidade de respostas concretas do banco sobre os impactos para os bancários.

O Itaú apresentou um balanço dos resultados do acordo firmado em 2024. Segundo os dados, o Acordo Macro hoje alcança 79 sindicatos da base da CONTEC, o que corresponde a 92% das entidades, e trata de temas como Sistema Alternativo de Ponto Eletrônico, Banco de Horas Semestral, Validação do Ponto, Teletrabalho, Bolsa Auxílio Educação e redução de metas por meio do Programa de Acolhimento.

Bolsa Auxílio Educação cresce, mas CONTEC cobra ampliação

Na parte da Bolsa Auxílio Educação, o banco lembrou que, a partir de 2025, o número de parcelas reembolsadas passou de 11 para 12 mensalidades ao ano, com valor de até R$ 600,00 limitado a 70% da mensalidade, além da retirada da trava que restringia o benefício à 1ª ou 2ª graduação/pós-graduação.

Com essas mudanças, o número de bancários da base da CONTEC contemplados subiu de 707, em 2024, para 966 em 2025, um aumento de 36,63%.

Em nome da CONTEC, a COE apresentou proposta de reajuste do benefício, defendendo que o teto passe de R$ 600 para R$ 800, com ampliação do percentual de reembolso de 70% para 80% do valor da mensalidade. Os dirigentes argumentaram que um valor mais robusto estimula ainda mais a qualificação profissional e responde ao aumento expressivo da procura.

Durante o debate, foi sugerido também o aumento do número de bolsas previsto em acordo (hoje de 5.500) para, pelo menos, 6.000 bolsas anuais, de forma a atender maior número de empregados, já que o volume de inscrições superou em mais do que o dobro a quantidade de benefícios disponíveis.

A representante do banco reconheceu a importância do programa, informou que o orçamento atual da Bolsa Auxílio Educação gira em torno de R$ 40 milhões e se comprometeu a estudar tanto o reajuste dos valores quanto a possibilidade de ampliar o número de bolsas, apresentando contraproposta em nova rodada de negociação.

Banco de Horas Semestral: mais dias de folga e horas pagas

O banco apresentou ainda um raio-x do primeiro ano de funcionamento do Banco de Horas Semestral nas agências. De acordo com o levantamento, o mecanismo tem garantido milhares de dias de folga aos empregados da base da CONTEC: apenas no segundo semestre de 2025 já foram registrados 1.628 dias compensados, além de 2.130 dias no primeiro semestre.

Mesmo com o estímulo à compensação, o banco reconheceu que as horas extras continuam presentes na rotina e informou que, no primeiro semestre, 3.218 colaboradores tiveram horas extras pagas (média de 2,35 horas cada) e, no segundo semestre, 4.013 empregados (média de 5,19 horas extras).

Os dirigentes sindicais ressaltaram a importância de o banco seguir emitindo comunicados orientando gestores e empregados a utilizarem o banco de horas, especialmente em períodos de feriados prolongados e festas de fim de ano, como já vem ocorrendo em informativos internos recentes.

Reajuste da ajuda de custo do teletrabalho

Outro ponto central da pauta foi a ajuda de custo do teletrabalho. A COE apresentou proposta de reajuste pelo INPC, acrescido de 5% de aumento real, sobre os valores atualmente praticados no Acordo Macro para a ajuda de custo anual e mensal aos empregados em regime de teletrabalho.

O coordenador da COE lembrou que, embora o acordo preveja valores acima da Convenção Coletiva, os custos com energia, internet e estrutura de home office cresceram nos últimos anos, tornando necessário atualizar o benefício para evitar perdas.

O banco registrou a reivindicação e informou que fará estudos de impacto para retornar com contraproposta.

Validação do ponto eletrônico e segurança jurídica

A parte mais longa do debate tratou da cláusula que prevê a validação do ponto eletrônico pelos sindicatos. Diversos dirigentes, em especial da Federação de Minas, relataram preocupações com a responsabilidade jurídica das entidades ao atestar espelhos de ponto sem conseguir conversar individualmente com todos os bancários, o que é difícil em bases com dezenas de cidades e grande número de agências.

Os sindicatos alertaram para o risco de ações futuras em que ex-empregados aleguem ter trabalhado além da jornada registrada, utilizando o termo de quitação como elemento de prova, e questionaram como o Ministério Público ou a Justiça do Trabalho avaliariam a atuação sindical em situações desse tipo.

Em resposta, Marina explicou que o banco investiu em sistemas, travas e canais de denúncia para coibir fraudes, garantindo que qualquer divergência pode ser apurada e corrigida durante o contrato de trabalho, com pagamento de horas extras e eventual responsabilização de gestores. Reforçou que o acordo prevê que o empregado primeiro valida o espelho de ponto; só depois disso o documento é encaminhado ao sindicato, que dispõe de acesso ao sistema e pode contatar os trabalhadores antes de assinar.

O coordenador Eduardo informou que a COE já possui uma proposta de nova redação para a cláusula de validação do ponto eletrônico, buscando explicitar que a responsabilidade pela fidedignidade dos registros é do banco e do empregado, resguardando os sindicatos de eventual responsabilização solidária e subsidiariamente em ações trabalhistas. O texto será encaminhado ao jurídico do Itaú para análise.

Teletrabalho e monitoramento digital

Os representantes da COE também anunciaram que apresentarão sugestão de cláusula específica sobre proteção ao monitoramento e à vigilância digital no teletrabalho, garantindo limites claros para o controle da produtividade e preservação de privacidade, tema que também está sendo discutido na mesa nacional da FEBRABAN. O banco demonstrou interesse em conhecer a proposta e avaliá-la inclusive à luz das discussões setoriais.

Fechamento de agências e novo modelo de negócios

Ao final da reunião, ficou acordado que o debate sobre fechamento de agências e reaproveitamento de pessoal será aprofundado em um novo encontro. Marina adiantou que o Itaú está redesenhando sua atuação a partir de seis grandes segmentos (“seis bancos”), incluindo agro, aposentados e servidores públicos, e afirmou que o objetivo é preservar a presença do banco nos territórios, com reaproveitamento dos trabalhadores em novos postos e modelos de atendimento.

A pedido da CONTEC e da COE, a próxima reunião sobre o tema deverá ser ampliada, permitindo a participação de todos os dirigentes sindicais do Itaú, para que o banco apresente de forma detalhada seus planos de reestruturação e as perspectivas para os próximos anos.

Próximos passos

O Itaú se comprometeu a analisar as propostas econômicas da CONTEC e da COE para a ajuda de custo do teletrabalho e para a Bolsa Auxílio Educação, bem como as sugestões de nova redação das cláusulas de validação do ponto eletrônico e de monitoramento no teletrabalho, retornando com contraproposta em nova rodada.

A CONTEC e a COE, por sua vez, seguirão dialogando com as federações e sindicatos da base, recolhendo contribuições e reforçando a mobilização para garantir um Acordo Macro que amplie direitos, fortaleça a formação profissional, assegure segurança jurídica e proteja os bancários diante das mudanças em curso no Itaú Unibanco.

ASCOM CONTEC

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